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Bird Box


A trama do filme Bird Box, que é uma produção original da Netflix e dirigido por Susanne Bier, gira em torno de uma mulher grávida que se vê em volta de uma crise pandemônica que emerge nas pessoas a vontade incontrolável de tirar a própria vida ao se depararem com "algo", fazendo com que os sobreviventes tenham que se manter confinados, assim, obrigando-os a adaptarem e seguirem em frente com as suas vidas em meio a essa nova realidade baseada no caos.


Logo de início, vale ressaltar que Bird Box, apesar de acertar muito bem no drama em volta da personagem Malorie, interpretada pela Sandra Bulock, e no suspense da ameaça ser altamente convidativo a tentativa de encontrar respostas a perguntas do tipo "como são as criaturas?" e "como fazem isso?", o filme acaba pecando na hora de ciar uma narrativa densa e que prenda o telespectador, além de ser um tanto quanto previsível e com um desfecho morno. Além disso, o longa acabou se encaixando em um grupo de filmes que a Netflix vem gerando constantemente, que são produções com uma premissa bastante interessante, mas, com um desenvolvimento não tão bom, ou, até mesmo, ruim, como é o caso de filmes como Mute, Tau e Extinção. Contudo, Bird Box acaba sendo uma exceção desse grupo porque no final das contas, é um bom filme.


Os personagens secundários são resumidos em esteriótipos unidimensionais, mas que funcionam, nos quais, John Malkovich encarna o personagem problema, que é responsável por ser o pessimista e insensível do grupo, Trevante Rhodes encarna aquele que é o herói, o otimista que sempre está disposto a entregar a sua vida em prol do próximo, Lil Rel Howery é colocado para duas funções: a primeira é funcionar como o que conhece um pouco mais e quer passar isso aos colegas em seu entorno, sendo assim, expositivo, e a segunda, que acaba sendo um tanto quanto ingrata para o ator, que é ser um alívio cômico, tecendo piadas sem graça e situações que fazem gerar a famosa "vergonha alheia", e por fim a Danielle Macdonald que interpreta a personagem ingênua do grupo, sempre procurando ver a melhor parte de todos que estão perto da dela e das situações nas quais ela se envolve. Sarah Paulson, mesmo tendo pouquíssimo tempo dela, torna-se um destaque, pois, entrega bem o personagem, dentro do tempo que lhe foi dado, e aproveita seu espaço para valorizar sua atuação sem parecer forçado, assim, entregando a melhor reação frente a ameaça.


A previsibilidade do roteiro se dá pela escolha de como desenvolver a trama, pois, a opção de colocar duas linhas temporais no filme, gera diversas oscilações em seu suspense, o que não deixa a tensão sempre alta ao ponto de se tornar cansativo, voltando sempre em pontos que são essenciais a trama, mas, por esse motivo, a trama acaba predizendo o que irá acontecer mais na frente, como, por exemplo, em um determinado momento quanto acontece uma determinada fatalidade a um personagem, que deveria gerar uma certa comoção, mas que pelo decorrer do desenrolar da trama, o telespectador acaba não sendo muito tocado pelo acontecimento.


Além disso, o questionamento filosófico de Bird Box, que é o fato da dificuldade que as pessoas tem em ter que conviver e até mesmo confiar em estranhos, não é novidade, pois é algo presente em diversos, se não todos, os filmes que abordam o confinamento em meio a um cenário pós-apocalíptico. Além disso, também abriu caminho para uma interpretação em relação ao título com a trama, que é a seguinte: Caixa de pássaros, que é a tradução do título do filme, na verdade, reflete os seres humanos confinados em casas, prédios, hospitais e afins. Tal reflexão é extremamente válida e condizente, contudo, não gera tanto impacto e chega até a ser superficial, pois, o filme não faz questão nenhuma de esconder essa intenção.


Entretanto, apesar de Bird Box apresentar essa série de questões que, não o tornam ruim, pois, com uma trilha sonora comedida e simplista, entrega a tenção que deveria entregar, além de tornar o suspense bastante interessante e deixar o telespectador intrigado com os acontecimentos. Além disso, a tecnologia atual não é deixada de lado, através de um terrível apagão ou algo do tipo, que poderia deixar o roteiro preguiçoso, muito pelo contrário, é usada de forma interessante em dois momentos, onde o primeiro se passa em um escritório e tão bem construída que faz com a expectativa seja colocado em cheque a cada segundo e acabe gerando uma quebra, em quanto isso, o segundo momento é o do carro com os sensores de proximidade, cena mostrada no trailer, mas que no filme ganha um vigor maior e acaba sendo uma das melhores sequências do filme, deixando o telespectador intrigado e com um posicionamento de câmera que chega até a tirar o fôlego pela sensação claustrofóbica que é transmitida.


Por fim, Bird Box é um bom filme que poderia ter se tornado espetacular, se não fossem a previsibilidade do roteiro e superficialidade imposta aos personagens em geral, contudo, as situações adversas que envolvem a protagonista e a forma que ela se vê obrigada a passar por tudo, acaba se tornando extremamente interessante e desafiador ao acompanhar. Além disso, o filme transforma o telespectador em personagem ao limitar o acompanhamento da trama e do mistério, junto aos personagens, fazendo com que a imersão seja gradativa e intrigante.

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